Quando se visualiza a obra deste artista, vem-nos de imediato à mente uma dicotomia pictórica intrínseca a dois universos díspares. Em um patamar, o traço onírico de seus desenhos e gravuras, coesos em uma dinâmica surrealista do artista. Em outro, que nesta retrospectiva são apresentados, denota-se a coloração quente e tropical de suas pinceladas ou de seus pastéis, reproduzindo iconograficamente o litoral brasileiro.
Depreende-se sua integração à natureza deste país, por ele adotado, e sua necessidade de conviver com a natureza e os céus azuis das suas telas, intermeados das nuvens brancas, quando se fundem com seus mares, calmos ou revoltos, tornam-se as verdadeiras molduras do epicentro desta temática constante: pequenas cidades ou pacatas vilas do litoral sudeste brasileiro.
São plataformas irreconciliáveis no mundo da pintura, mas que se complementam no mundo particular do artista, fundindo a sua obra com o seu autor, eclodindo em um momento importante, marcante para as artes plásticas no Brasil.
Fabio Porchat
Presidente da Academia Latino-Americana de Arte
Em sua disciplina, sente-se que sabe manejar a cor, em que são frequentes as tonalidades sombrias. Conquanto possam ser observadas certas induções dessa tendência, em sua atual produção, não é bem um surrealista. Passando os olhos por alguns desenhos do artista, neles encontro, senão melhor categoria, ao menos uma liberdade maior, fazendo-me lembrar a excelente fatura de seu patrício Lajos Szala. Aliás, Ferenc Kiss é dessa família de pintores que colorem o desenhado, como é, para citar um exemplo ilustre, o caso de Matisse. Praticando o óleo e o pastel, pode ser definido estilisticamente como alguém a meio caminho entre o Expressionismo e o Surrealismo, sem se afastar da figura, antes cumulando seus quadros de múltiplos personagens, cheios de vida. Paulo Mendes de Almeida
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
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